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História da família Bergamaschi

 

Os Bergamaschi do estado do Espírito Santo são descendentes de Vittorio e Cesar Bergamaschi, que imigraram para o Brasil com o pai, Isaia Bergamaschi, em 1877. Não tenho notícias de haver outros Bergamaschi no estado que não pertençam a este ramo familiar.

 

ISAIA BERGAMASCHI

A família de Isaia Bergamaschi morava em San Giovanni del Dosso, na região denominada Basso Mantovano (ver mapa e figura abaixo), na província de Mântua. San Giovanni fica a 40Km de Mantova e tem aproximadamente 1500 habitantes. A família era de lavradores. No século XIX, S. Giovanni del Dosso pertencia à comune de Quistello (embora esteja a menos de 5km de Poggio Rusco). A família de Isaia frequentava a igreja de Poggio Rusco , e é aí que se encontram os documentos de batismo, casamento e óbito da família.

Clique na figura ao lado para ver o mapa do "Basso Mantovano", sul da província de Mântua

 

Vista geral de San Giovanni del Dosso, onde viviam os Bergamaschi.

Igreja de Poggio Rusco, onde se casaram Isaia Bergamaschi e Adelaide Cappi, e onde foi batizado Vittorio Bergamaschi.

Isaia Bergamaschi nasceu em 1841. Era filho de Giosafatte Bergamaschi e neto de Giuseppe Bergamaschi . A família já morava na região há muitas gerações, como se pode inferir dos diversos registros de Bergamaschi em Poggio Rusco e cidadades vizinhas.

Isaia se casou com Adelaide Cappi em 1862 (ele com 20 anos, ela com 16), na igreja de Poggio Rusco. A família Cappi não parecia ser numerosa na região (ou talvez fossem de outra província), a julgar pelo pequeno número de registros na província de Mântua.

Isaia talvez tenha recebido alguma instrução, pois sabia assinar seu nome, como pode ser visto na certidão de nascimento de seu neto João Bergamaschi. (Por sinal, este registro, feito 20 anos depois de emigrar com os filhos para o Brasil, gerou alguma polêmica. Se dependesse do Vittorio, o filho se chamaria João Bergamaschi. Mas, como foi o próprio Isaia quem se dirigiu ao cartório (de Itaguaçu-ES) para fazer o registro, decidiu acrescentar o nome de seu pai, Giosafatte. Assim, o menino foi registrado como João Josaphat Bergamaschi).

Isaia teve cinco filhos: Vittorio, Lucia, Rosa, Zelinda e Cesare. Vittorio não utilizava o nome do meio (Giovanni), que não consta nos documentos emitidos no Brasil. Somente Vittorio e Cesare tiveram filhos.

Vittorio contava que, quando era pequeno, costumava ir até a beira do Pò para ver as enchente, com o pai, Isaia As cheias do pó, famosas pela intensidade e por ocorrem duas vezes ao ano, uma no verão, devido ao degelo dos Alpes, e outra no inverno, devido às chuvas, foram controladas por uma série de diques construídos ao longo do rio.

Rio Pó, entre Ostiglia e Revere

Em 1877, Isaia emigrou com a família para o Brasil.

Genealogia da família

A VIAGEM PARA O BRASIL

Como milhares de famílias do norte da Itália, Isaia veio em busca de melhores condições de vida na América. De Mântua foram de trem até Gênova, porto de embarque para o Brasil. A viagem para o Brasil demorava cerca de 40 dias. Ao chegar ao Brasil, foram para a Hospedaria da Ilha das Flores, em Niterói. Neste local os imigrantes eram registrados, recebiam provisões que deveriam bastar para o primeiro ano e eram encaminhados para seu destino. As provisões constavam de carne seca e farinha, que os italianos pensavam ser queijo ralado ("como vamos comer sola de sapato e pau ralado?").

De Niterói foram para Vitória. Chegaram em Vitória  no dia 13/06/1877, no vapor Ester e ficaram hospedados na Hospedaria da Pedra d'Água (atual Penitenciária do Estado, em Vila Velha). Subiram de canoa até Cachoeiro de Santa Leopoldina. A viagem se fazia em canoas grandes, de até 16m. De Santa Leopoldina seguiram para Santa Tereza, onde permaneceram algum tempo. De Santa Tereza, partiram com mais 11 famílias italianas  (Fiorotti, Meneghel, de Martin, Fardin, Coan, Daleprane, Rabbi, Toniatto, Denardi, Perin e Mazo) em busca de um local para se instalarem. Pararam às margens do rio Santa Joana (o rio era pequeno, mas tinha muito peixe), no local onde havia uma grande figueira. Por isso, chamaram ao local Figueira de Santa Joana. Cada família construiu a sua casa. A do Isaia Bergamaschi ficava no alto do morro, na saída para Santa Tereza. O Isaia fez a sua ao lado de uma grande árvore. Porém, avisado do perigo da árvore cair em cima da casa, ele contratou um brasileiro que andava por ali, para que cortasse a árvore. Quando a árvore caiu, caiu exatamente em cima da casa, partindo-a ao meio. Mas os italianos eram muito unidos e juntaram-se todos para reconstruí-la. As 12 famílias italianas são as fundadoras da atual Itarana.

Não encontrei nenhum registro de entrada no Arquivo Histórico do Espírito Santo, nem nos arquivos da ilha das flores (no Arquivo da Cidade de Niterói), nem no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro. Nos dois primeiros verifiquei detalhadamente todos os registros entre 1840 e 1880. No Arquivo Nacional a pesquisa é mais difícil devido ao grande número de imigrantes. A indexação no Arquivo Nacional é feita por ano de entrada.

A Ilha das Flores fica na Baía de Guanabara, em Niterói, divisa com S. Gonçalo. Foi desativada no início do século e transformada em instalação militar. Os registros da hospedaria foram transferidos para o Arquivo da Cidade de Niterói.

Veja: Outros Bergamaschi no Espírito Santo (lista dos Bergamaschi que desembarcaram no porto de Vitória)

Lista de Bergamaschi desembarcados no Brasil

 

VITTORIO BERGAMASCHI

Vittorio chegou novo ao Brasil e, portanto, se adaptou bem. Ao chegar, tanto ele como seu pai, Isaia, usavam um brinquinho de ouro na orelha esquerda (na região de onde vinham eram os homens, e não as mulheres, que os usavam). Isaia teria trocado seus brincos por queijo (cf. Sbardelotti).

Vittorio se casou com Angela Bellia em 1840, aos 25 anos. Casou-se no civil em Santa Leopoldina (município a que pertencia a região de Santa Joana -Itarana) e no religioso em Santa Teresa. Não apresentou documentos, mas sim, levou duas testemunhas (uma das quais era o sogro, Agostino Bellia).

Depois de casar, morou no Bananal (Baixo Guandu): tomava posse de algum lote de terra, depois vendia e ia embora. Depois do Bananal foi para o Limoeiro (Itarana). A casa ficava logo no início da subida da "trincheira", no vale, pro lado de baixo. Ali nasceram quase todos os filhos. Só se mudaram para o Bananal (Itarana) quando os filhos já eram grandes, alguns casados. 

Vittorio costumava ir com uma tropinha de burros até Vitória, vender mercadorias. Costumava brincar com os capixabas (como chamavam aos de Vitória): "e aí compadre, já colheu os seus quatro alqueires de pimenta?" (isso porque os capixabas adoravam pimenta, que os italianos quase não usavam). Costumava ir com a tropa também no Taquaral (Afonso Cláudio). Para chegar lá era necessário atravessar uma mata onde na época havia índios. Os índios faziam questão de receber presentes, caso contrário apareciam no meio do caminho com arco e flexa na mão. Bastava porém cortar alguns pedacinhos de fumo e jogar pelo caminho que eles ficavam felizes e não incomodavam.

Quando Luiza e Joao Bergamaschi se casaram (1924), O Isaia morava com o filho Vittorio. A casa ficava atrás da igreja velha do Socego (igreja de Santo Antônio). Havia muitos bailes na casa dos Bergamaschi e Luiza costumava ir la frequentemente. O José Bergamaschi era um dos que mais gostava dos bailes. Nesta época, o Isaia já estava bastante acabado. Depois que Luiza e João se casaram, mudaram-se e nunca mais viram o Isaia.

Cita Sbardelotti[1]: Certo dia, o "honesto" Vittorio Bergamaschi teve um altruísmo raro nos próprios nacionais. É que a mãe de Zamperetti reclamou que na Itália a polenta era mais gostosa. Pudera, revidou aquele, enquanto lá uma polenta é repartida para 10 a 12 pessoas, aqui ela é dividida para apenas 4.

Vittorio era um excelente cozinheiro e sempre era chamado para preparar a comida quando havia um casamento na região.

Se pudesse, teria voltado para a Itália, mas nunca conseguiram juntar dinheiro no Brasil.

Vittorio teve 12 filhos. Faleceu no dia 12 de fevereiro de 1951.

Filhos de Vittorio Bergamaschi (os respectivos cônjuges são mostrados abaixo dos nomes).

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